Responsabilidade

O fato de um texto ser postado neste blog não significa que ele expresse a posição da Rede Minka do Estado de São Paulo. Os textos têm a função de suscitar a reflexão e o debate entre os leitores.

23 de dezembro de 2010

Análise de Conjuntura da CNBB: Leitura pode auxiliar na atuação militante

Geralmente uma análise de conjuntura já sai com um pouco de atraso. Eu também estou atrasado ao postar esse texto 20 dias depois de o documento de Análise de Conjuntura da CNBB ter sido postado no site da entidade. Mas, para aqueles que ainda não leram o documento, recomendo a leitura. O texto contribui para ampliar a visão de mundo e o entendimento de como a CNBB o enxerga. Isso, consequentemente, também auxilia em nossa atuação militante.

O primeiro tema a ser tratado nas dez páginas do documento postado no site da entidade reflete sobre o resultado das eleições parlamentares nos Estados Unidos e as consequências para a comunidade internacional.

Em seguida, aborda o acordo internacional em relação à preservação das espécies, firmado em outubro, em Nagoya (Japão). Mantendo o enfoque ambiental, sobre a COP 16, ocorrida no momento em que a análise estava em preparação, cujo tema são as mudanças climáticas. Aliás, a leitura e reflexão pode contribuir muito com a preparação das lideranças com relação à próxima Campanha da Fraternidade, que terá como tema Fraternidade e Vida no Planeta, com o lema “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22). A CF é realizada durante os 40 dias da Quaresma, que em 2011 tem início no dia 9 de março.

O texto reflete ainda sobre a “guerra cambial”, que tem os EUA e a China como principais envolvidos, dos problemas caudados a outros países, como o Brasil, e aponta saídas.

Ainda no rastro da crise financeira, fala sobre a onda de protestos em vários países da União Européia.

Descendo para a América Latina, desenvolve uma reflexão acerca do significado da morte de Nestor Kirchner, ex-presidente da Argentina, e as possíveis consequências para a Comunidade Sul-Americana de Nações.

Em âmbito nacional, aborda o “discurso da vitória” de Dilma e os desafios que a presidente eleita terá que enfrentar em seu governo.

Também trata dos primeiros números oficiais do Censo 2010 e de seus impactos na distribuição dos recursos para os municípios.

Ainda retoma a necessidade de atualização dos índices de produtividade rural como instrumento que pode agilizar a execução da Reforma Agrária.

Encerrando a análise, são destacadas notícias sobre o Congresso Nacional, como a divulgação do “ranking” dos melhores parlamentares; o esforço para aprovação de temas importantes ainda em 2010; a tramitação das alterações propostas no Código Florestal Brasileiro; a retomada das discussões sobre a Reforma Política; impasses na indicação da nova presidência da Câmara dos Deputados; a votação do Estatuto da Juventude; o adiamento para o próximo governo da aprovação da CLS (Consolidação das Leis Socais), bem como o aumento do valor do “Bolsa-família”.

22 de dezembro de 2010

Governo de São Paulo “rouba” leitos de pacientes do SUS

Texto publicado pela Rede Brasil Atual alerta que Governo de São Paulo conseguiu aprovar projeto que beneficia planos de saúde privados em detrimento de pacientes do SUS.

O Projeto de Lei 45/2010 (número totalmente sugestivo) determina a reserva de 25% dos leitos de alta complexidade do SUS para clientes de planos de saúde.

Deputados de oposição e representantes da área médica, afirmam que, na prática, além de reduzir o atendimento nas unidades públicas para pacientes do SUS e aumentar ainda mais a fila, que já é longa, será criada uma fila paralela que privilegiará pacientes de planos de saúde. Ou seja, quem tem dinheiro para pagar um plano de saúde “cortará” a fila.

Veja mais detalhes no site da Rede Brasil Atual e leia outras reportagens sobre o assunto.

Veja como votou seu deputado.

19 de dezembro de 2010

Educação acaba em Pisa

Paulo Flores *


Além da feijoada, o “cardápio” desta quarta-feira (8/12) tinha muito Pisa. Veja bem, não é pizza, é Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Consequência da divulgação do resultado da avaliação realizada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) a cada três anos, com a finalidade de medir a qualidade da educação nos países desenvolvidos e em outros convidados a participarem da avaliação, como o Brasil.

A maioria (se não todos) dos veículos da chamada “grande imprensa” estampou em suas capas chamadas para reportagens sobre o desempenho do Brasil no Pisa.

Alguns textos exaltavam a melhora do Brasil na pontuação obtida no exame realizado em 2009, na comparação com o anterior, realizado em 2006. Expunham informação creditada ao MEC de que o país é o terceiro em melhora de desempenho desde o início da pesquisa, em 2000.

Houve também aqueles que menosprezaram a suposta melhora no desempenho dos estudantes brasileiros. Preferiram se apegar ao fato de que, mesmo com a melhora de desempenho, o país ainda é um dos últimos na avaliação (53º colocado entre 65 países avaliados). Esses também ressaltaram que os estudantes brasileiros estão bem abaixo da média. Mais da metade não consegue decifrar informações implícitas em um texto curto.

“Estudantes, esses burros!”. Isso é o que pode transparecer nas reportagens. Mas, elas também deixam claro que o Governo (Federal é claro) é o culpado pela mazela educacional brasileira, apesar de as escolas públicas federais terem tido desempenho superior até mesmo ao das escolas particulares e serem as escolas públicas estaduais e municipais as que puxam para baixo a classificação brasileira.

Para a elaboração do ranking da educação mundial, a OCDE leva em conta a resposta dos alunos de 15 anos (independentemente da série/ano/ciclo que ele esteja) a questões de leitura, matemática e ciências.

Claro que os jornalistas, corretamente, tratam de embasar seus textos em opiniões de especialistas, que apresentam as “receitas” para a melhora da educação no país.

Mas, nenhuma das reportagens que li citou que o Plano Nacional de Educação (PNE) em vigor tem vigência somente até o final de 2010. Que de 2011 até 2020 deve vigorar um outro PNE, mas que o Governo, por meio do Ministério da Educação, adia sua apresentação faz meses. Como podemos melhorar a educação com um plano apresentado em “atropelos”?

Diversas entidades, entre elas a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a Ação Educativa e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que fazem parte da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, lançaram o manifesto “A educação não pode esperar”, no qual criticam os constantes adiamentos de apresentação do PNE 2011-2020 e falam da importância do mesmo.

O cardápio muda de acordo com o índice divulgado Ideb, Enade, Saresp... As receitas apresentadas para a melhoria da educação são sempre as mesmas e têm como seus principais ingredientes o aumento dos investimentos, a valorização dos professores e o planejamento da educação, mas, sem o PNE, tudo acaba em Pisa.

* Jornalista, com especialização em Marketing Político e Propaganda Eleitoral pela ECA/USP. Membro do GT de Educação do Instituto Paulista de Juventude.