Responsabilidade

O fato de um texto ser postado neste blog não significa que ele expresse a posição da Rede Minka do Estado de São Paulo. Os textos têm a função de suscitar a reflexão e o debate entre os leitores.

4 de novembro de 2010

UMA OPÇÃO HISTÓRICA

O autor do texto abaixo é seguidor deste blog. Seu nome é José Luiz Possato Jr. Apesar de as eleições terem passado, o texto serve para refletirmos sobre muitas coisas interessantes, como por exemplo sobre “teologia política”, termo cunhado por Jung Mo Sung, que propõe o debate sobre o tema.


UMA OPÇÃO HISTÓRICA

José Luiz Possato Jr.
Tudo começou lá no Êxodo. Um dia Javé ouviu o clamor do povo, viu sua miséria e então desceu (Ex 3,7)... Desde então, sempre esteve em meio aos pobres. Já, a Igreja de Pedro... Diante dos últimos acontecimentos, decretou que os senhores bispos não se envolvessem em questões políticas, o que não deixa de ser um gesto político (claro! assim ela não fica mal com ninguém!). Que tristeza... Graças a essa falta de um posicionamento claro, seus fiéis não param de atacar uns aos outros, divididos em duas fileiras, cada grupo achando que tem o aval do Papa. Mas, e Jesus? Está com quem?

Bom, ao longo da História, Ele sempre demonstrou que não está a favor das elites. Logo, não dá pra dizer que, nestas eleições, Cristo esteja com Dilma ou Serra. Este representa a direita, defensora do capitalismo neoliberal, embora queira se passar por socialista. Aquela representa a esquerda, historicamente socialista, embora seja a continuação de um governo que, mesmo caindo nas graças do povo, não implantou o regime esperado, minimizando apenas os efeitos do capitalismo selvagem. Embora diferentes em sua raiz, PT e PSDB defendem projetos que não combatem o mal em sua essência, pois ambos têm por princípio a manutenção do atual – e perverso – sistema econômico.

Então com quem está Jesus? Sim, porque um Cristo apolítico é invenção dos ricos, para que a massa não se meta nas decisões do país. Se a Igreja não quer tomar partido, Deus não liga pra isso, pois se põe do lado dos menos favorecidos desde sempre. Mesmo que as semelhanças entre Lula e FHC tenham confundido o eleitorado recente, não podemos nos esquecer que, historicamente, a esquerda sempre foi porta-voz dos pobres, enquanto a direita sempre esteve a serviço dos poderosos. Por isso, mesmo que os partidos políticos não tenham sido invenção divina, é certo que, enquanto não surgir uma proposta diferente, Deus apoiará a esquerda socialista.

Aliás, textos como At 4,32-35 indicam o desejo divino de um sistema comunista. Melhor, comunista não... Pôr tudo em comum não deve ser uma exigência do Estado, mas entrega livre de cidadãs e cidadãos. Talvez por isso tenham fracassado as experiências colocadas em prática na URSS e outros países (hoje não mais) socialistas. Então, por que não defender um sistema econômico comunitário? O nome muda um pouquinho, mas faz uma grande diferença, pois imprime um movimento que nasce do meio, dos membros, não de cima para baixo (como aconteceu com o comunismo). Ou, então, podemos utilizar o já consagrado termo “Economia Solidária”. O importante é entender que o comunismo falhou por falta de liberdade, não de Deus (defensor dos pobres, mesmo os ateus).

Mas voltemos a estas eleições. Agora não dá para lamentar, pensar em propostas alternativas. O 1º turno, com mais possibilidades, era o momento certo para isso. Agora sobraram um partido de esquerda e outro de direita, ainda que ambos estejam próximos do centro. Militante consciente vota Dilma, sem hesitação. Mas vota sabendo que a luta por um Brasil melhor continua sendo missão popular. Ser fermento na massa (Mt 13,33; Lc 13,20-21), no fim das contas, não é catequizar, doutrinar o povo, mas caminhar junto, fazendo com que, pela nossa ação, a massa não se conforme, mas transforme-se (= ultrapasse os limites impostos pela forma), transformando-nos com ela (Rm 12,2).

Depois da vitória de Dilma, movimentos sociais levantam suas bandeiras

Qual deve ser a postura do movimento popular e sindical, e quais as bandeiras centrais no governo Dilma, recém-eleita presidente do país? A ofensiva conservadora que marcou as eleições de 2010, as reivindicações da classe não cumpridas durante o governo Lula e a base econômica deixada pelo atual governo são alguns dos pontos de partida para as lutas dos movimentos sociais, de acordo com as reflexões de suas lideranças.

Para o integrante da coordenação nacional do MST, Gilmar Mauro, o resultado eleitoral não quer dizer apenas uma derrota de José Serra (PSDB), mas da grande mídia como um todo. Mauro avisa que os movimentos sociais terão uma relação de autonomia com o próximo governo, com quem as organizações devem confrontar suas reivindicações. A reforma agrária, por exemplo, não foi pautada na campanha eleitoral deste ano e deve voltar à agenda.

Sobre a questão agrária, Mauro enfatiza que o debate se dá em três frentes: sobre o uso do solo e recursos naturais, que não devem ser transformados em mercadorias, sobre o tipo de alimentos que a população está consumindo, e a serviço de quem serão usadas as tecnologias no campo.

“Eu acho que a reforma agrária é uma das coisas mais modernas do mundo na atualidade. Mas uma reforma agrária vai ter que alterar o modelo agrícola, o modelo de produção, o tipo de comida, o tipo de tecnologia, e esse debate vamos ter que fazer o debate com a sociedade. Esperamos que o governo Dilma possa ajudar, no sentido de favorecer, de criar espaços para que esse debate ocorra e que a sociedade participe da discussão de uma verdadeira reforma agrária que altere a estrutura fundiária no Brasil e o modelo de produção no Brasil.”

A postura do movimento negro será de apoio crítico e pressão permanente em defesa de políticas públicas. Esta é a posição da Uneafro, de acordo com Douglas Belchior, do conselho geral da organização. Para ele, Dilma terá que revisar as políticas de segurança pública que vitimam a população negra em todos os estados. O aprofundamento das políticas de acesso à educação e a pressão pelo Estatuto de Igualdade Racial são pontos estratégicos na avaliação da entidade.

“O movimento negro deve ter uma postura de luta permanente e vamos ocupar as ruas. Também vamos ocupar as universidades no sentido de pressionar para que o governo haja e preste serviço ao povo brasileiro e não para os latifundiários, para os racistas, empresários e banqueiros.”

A base econômica construída nos oito anos de governo Lula resultou na geração de empregos e estancou a flexibilização do trabalho no período Fernando Henrique Cardoso (FHC) é o que analisa o sindicalista Milton Viário, da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul e da CUT. Ele enxerga que o momento é de pautar a plataforma unificada dos trabalhadores, construída em 2010 pelo movimento social e sindical. No campo sindical, maior democracia e condições de trabalho, jornada de 40 horas e o fim do fato previdenciário são pontos centrais nesse projeto.

“Nós vamos ter condições melhores para apresentar a plataforma da classe trabalhadora, voltada basicamente no desenvolvimento econômico. Portanto, ampliando a atividade produtiva, mas reivindicando fortemente a geração de empregos de qualidade, empregos aonde se possa ter uma melhor remuneração, empregos aonde se possa ter de fato uma qualificação profissional e que haja a especialização do trabalho.”

A deputada federal recém-eleita pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) de São Paulo, Luiza Erundina, aponta que o governo Dilma terá que enfrentar o desafio de maior democratização do Estado brasileiro. O que, de acordo com ela, passa por dois caminhos: reforma política e democratização dos meios de comunicação.

“A reforma política que já tem um acúmulo no Congresso, tem uma frente parlamentar pela reforma política com participação popular. Já tem inclusive um Projeto de Lei de iniciativa popular que está na Comissão de Legislação Participativa e já responde a questões importantes, estruturais do sistema de comunicação. Tem, por exemplo, a reforma Tributária como mecanismo de distribuição de renda.”

Na mesma linha da democratização da mídia como bandeira central para a luta da esquerda, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, avalia que a pressão a partir as bandeiras nascidas no processo das Conferências de Comunicação devem ser pautadas desde janeiro de 2011.

“Este é um ponto da agenda, o debate que as organizações sociais vão ter que estar muito organizadas, mobilizadas, pressionando o governo. Não pensem que vai ser fácil. Eu lembro que a primeira Conferência de Comunicação só saiu no último ano do governo Lula. Era um governo em disputa. E, portanto, nós temos que continuar debatendo isso. O próximo governo da Dilma Roussef também será um governo de disputa.”

A luta das mulheres tem dimensão importante em 2011. Darli Sampaio, da Casa do Trabalhador de Curitiba, acredita que o debate ideológico sobre a questão do aborto nas eleições agora deve ter o efeito contrário. Uma vez que as organizações devem pressionar para obter avanços neste tema. De acordo com ela, a união civil dos homossexuais e os desafios da inserção da mulher no mundo da política também são desafios no debate de gênero.

“Do ponto de vista da organização das mulheres, tem uma pauta já que ela não se esgota, porque as questões não estão resolvidas. Por exemplo, a discussão sobre a questão de gênero, que abarca polêmicas que nós vimos agora no período da campanha, que diz respeito à questão do aborto, aliás, a forma desrespeitosa com que essa discussão foi travada no debate político. O Movimento de Mulheres entende que aborto é uma questão de saúde pública.”

Na avaliação de Luiza Erundina, há um espaço no Estado brasileiro para a politização a partir do governo, mesmo o Estado tendo um caráter de classe.

“É exatamente a forma de governar. É mais do que os resultados, é a forma de dividir o poder, a relação com a sociedade civil. Fatos que leva a uma mudança de cultura política na forma de governar, um governo democrático, além de popular, no sentido de priorizar os interesses da maioria da população. Também ser um governo voltado, desde o primeiro momento, sobre todas as questões estratégicas, a participação popular organizada e politizada. Lamentavelmente não tivemos isso num governo Lula.”

De São Paulo, para a Radioagência NP, Pedro Carrano.
Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/Movimentos-sociais-afirmam-que-postura-sera-de-pressao-no-governo-Dilma

Mentira faz-me rir, mas a verdade faz mais ainda

Sei que a eleição já passou e o "Vampiro" desceu a serra, mas os links abaixo levam para dois vídeos muito legais, que fizeram-me dar muita risada. O vídeo 2 é ainda melhor do que o primeiro, desmente a criação dos genéricos e fala sobre o abandono de cargos como a prefeitura de São Paulo, o senado, o governo do estado de S.Paulo... Vale à pena ver ambos.

Vídeo 1
http://www.youtube.com/watch?v=obuafIUdG30

Vídeo 2
http://www.youtube.com/watch?v=LHkwrNjHRp8